Após um cenário instalado de crise sanitária mundial sem precedentes e com sérios impactos em todos os setores da sociedade, temos assistido neste segundo semestre do ano uma aceleração do consumo em diversos segmentos do mercado brasileiro, e com o setor de vestuário não é diferente.
Os resultados da pesquisa do IEMI – Inteligência de Mercado, focada na intenção de compra do brasileiro para as duas principais datas do varejo nacional – Black Friday e Natal -, seguem no mesmo ritmo, sinalizando a continuidade da alta do consumo também para esses períodos, todavia, com particular inclinação para a Black Friday.
74% dos consumidores pretendem comprar algum produto (independente da categoria). Neste grupo, 88% pretendem comprar vestuário.
Em relação às perspectivas de compras para essas próximas datas (BF e Natal), a constatação é de que o vestuário está entre as prioridades, ocupando o 1º lugar no ranking. Todavia, deve dividir o bolso dos consumidores, principalmente em categorias como: calçado, celular, cosmético/perfume e utilidades domésticas, nessa ordem.
Referente ao produto-alvo, há uma preponderância da intenção de compra de roupas no tamanho adulto (masculino e feminino) e com maior peso para as linhas casual e íntima (75% e 51% das citações, respectivamente). Este resultado corrobora com a máxima já constatada de que o guarda-roupa do brasileiro é casual (metade da produção nacional).
De qualquer modo, vale pontuar a identificação de algumas diferenças entre os grupos consumidores quanto às linhas-alvos: no C/D/E, há maior interesse em roupas de festa frente ao A/B. Neste segundo grupo, o alvo está mais voltado a produtos do dia a dia, para prática de atividades físicas e lazer (dormir, praia, esportiva, social…) em relação ao C/D/E.
Quanto ao destino dos produtos, foi identificada uma tendência voltada para o consumo próprio (88%) e, sequencialmente, ao contexto familiar, sendo 69% das citações para companheiro(a) e 63% de compra para os filhos.
No tocante ao volume de investimento em novas aquisições de produtos, embora a metade dos consumidores ainda não saiba quanto irá gastar (com preponderância no grupo C/D/E), a pesquisa sinaliza a tendência de um comportamento similar ao que ocorreu na Semana Brasil e, caso se concretize, estamos falando em cerca de 60% do valor médio anual gasto1 pelo brasileiro com roupas (R$ 877 estimado para o período (BF + Natal) x R$ 1.500/ano (em 2019)1).
MEIOS DE PAGAMENTOS
E quanto ao meio de pagamento para esses gastos, o cartão de crédito posiciona-se como o principal, porém com algumas diferenças entre os grupos consumidores. No A/B, a intenção de uso do cartão de crédito é ainda mais expressiva; todavia, no C/D/E, ganha relevância o pagamento à vista, sendo possível inferir que este seja um reflexo imediato da dificuldade de acesso ao crédito.
Ao analisar questões relacionadas aos cartões de loja, 47% dos consumidores declararam usar esse meio, sendo observada uma presença maior do grupo A/B, sendo que para estes as ações envolvendo mais descontos e promoções ganham maior relevância. Em contraponto, o C/D/E se interessa mais pelo acesso ao crédito e por um maior parcelamento.
Os consumidores que não utilizam cartão de loja, buscam por maior praticidade, pois julgam que concentrar seus gastos em um único cartão traz benefícios como unificação da gestão dos gatos, além do acesso aos benefícios usuais das bandeiras mais tradicionais (principais motivos apontados pela pesquisa).
MARCAS E LOJAS
Com relação ao peso dado às marcas e lojas nas intenções de compra, o estudo demonstrou que o consumidor A/B prioriza mais as marcas que o grupo C/D/E, que por sua vez, dá mais peso às lojas (embora não haja um limiar muito claro de diferenciação entre loja e marca para uma parcela dos consumidores).
Também fica evidente o alto grau de pulverização das marcas e lojas na citação destas quanto à intenção de compra. Ainda assim, algumas destacam-se, a exemplo das grandes redes varejistas de moda, tais como Renner (maior ocorrência no A/B frente ao C/D/E), C&A e Riachuelo (ambas maiores no C/D/E frente ao A/B), além da marca Adidas (maior ocorrência no grupo C/D/E).
Por fim, as tendências apresentadas pela pesquisa sinalizam que podemos esperar para as principais datas do varejo nacional (BF e Natal), especialmente para BF, salvo mudanças no cenário macroeconômico e sanitário que possam impactar a conjuntura atual, um consumo crescente, favorecido ainda por um contexto onde o vestuário se mostra como categoria preferencial na intenção de compra.
PREFERÊNCIAS
A roupa casual, que perdeu relevância durante o período de isolamento social (momento em que o consumidor passou a valorizar e direcionar sua atenção aos artigos para o lar, e mesmo para trocar a ‘roupa de trabalho’ pelo ‘homewear’) volta à condição de protagonista na medida em que os brasileiros começam a retornar às ruas frente a volta gradativa de atividades externas e regresso ao trabalho in loco (parcial, integral ou mesclando esses cenários), assim, sendo tangível pressupor que haverá uma ‘inversão do foco das necessidades’, onde as roupas, especialmente as relacionadas ao dia a dia do trabalho, voltam a ganhar força.
As grandes redes varejistas estão na mira das intenções (70% das intenções declaradas para Lojas de Departamento de Moda), mas não devem ser as únicas a se beneficiarem, dada a pulverização nas respostas quanto à intensão de compra.
Complementarmente, vale ressaltar que 62% dos consumidores já estão pesquisando seus produtos-alvo, a fim de se prepararem antecipadamente para as compras, prática que está sendo sustentada por incursões em plataformas como Google (oportunidades para intensificação das ações do marketing digital), além do site das lojas e marcas, residindo aí também uma oportunidade para a comunicação da oferta de valor da marca/loja, na medida em que intensifiquem as estratégicas para ‘converter’ mais vendas, frente a um consumidor cujas expectativas de desembolso estão bem acima do gasto médio do brasileiro por compra e que tendem a superar, de acordo com a pesquisa, as médias alcançadas na Semana Brasil.
Esse comportamento ativo e investigativo reforça a importância de se atentar às estratégias de venda no canal e-commerce, meio apontado pelos consumidores como o principal a ser utilizado, além, é claro, de cumprir com o já esperado para tornar as ofertas interessantes, como o ‘preço’, aliado a produtos de ‘qualidade’ (ainda mais valorizado pelo A/B), oferecendo, ainda, variedade e opções de frete grátis.