A campanha Wardrobe Change foi criada por 25 ONGs europeias com o objetivo de exigir que novas políticas públicas e leis sejam criadas para diminuir e controlar a super produção de têxteis. Essas ONGs não acreditam em acordos voluntários para tornar a indústria da moda mais sustentável e, por isso, pedem que a nova legislação têxtil da União Europeia, que deve ser discutida ainda esse ano, responsabilize as marcas por sua contribuição para a poluição global.
Como parte dessa campanha, foi desenvolvido um documento com recomendações para a nova Estratégia Têxtil da União Europeia. De acordo com o documento, o objetivo global deve ser a redução absoluta da produção de têxteis. Só assim será possível colocar a indústria em um “espaço operacional seguro”, que garanta um padrão de vida decente para todos e a preservação da vida na Terra para gerações futuras.
O documento afirma que circularidade não deve ser apenas uma palavra “na moda”, e que não é suficiente que marcas promovam algumas coleções ao ano com materiais sustentáveis, ou criem esquemas de devolução de produtos, ao mesmo tempo que continuam a promover a venda de produtos baratos que causam um enorme impacto ambiental e climático. A circularidade deve significar cortar radicalmente os impactos ambientais da indústria, e não apenas criar pequenas mudanças no modelo de negócio atual sem de fato transformá-lo.
Assim, as recomendações foram divididas em quatro partes:
1 – Rastreabilidade dos materiais e da produção: Os tecidos sustentáveis devem ser a norma, e não um produto de luxo. Eles também devem ser mais duráveis, facilitando assim o reparo e o reuso.
2 – Acesso a informações confiáveis sobre a sustentabilidade de produtos têxteis: Não existe um consenso sobre a definição da palavra “sustentável”, assim, ela acaba sendo usada de maneira bastante fluída e muitas vezes errônea (ou seja, greenwashing). Por isso, deve haver um controle sobre o uso e a definição dessa palavra.
3 – Abandono dos modelos de negócio lineares: Promover a economia circular, estender o ciclo de vida do produto, responsabilizar as marcas pelo fim do ciclo de vida do que elas produzem, e criar taxações sobre produtos feitos com matérias primas virgem, incentivando assim o uso de materiais reciclados e recicláveis.
4 – Responsabilizar a indústria têxtil europeia pelo impacto ambiental que causa no mundo: Reconhecer a injustiça do comércio global e assumir a responsabilidade que as marcas têm nesse desequilíbrio. Obrigar as empresas a prevenir, identificar e resolver questões ligadas aos direitos humanos, riscos ambientais, e impactos ao longo de toda sua cadeia produtiva e reportar publicamente todos os seus processos.
O download do documento completo (em inglês) pode ser feito clicando aqui.
Fonte: Rio Ethical Fashion