Conheça Madalena Martins, criadora da marca Via Oculta
“Feito com amor e carinho, gostaria que olhassem como se fosse uma arte, porque é assim que eu trato”. Essa é a descrição que a costureira e empresária Madalena Martins faz das roupas que confecciona. Natural de Crixás, interior de Goiás, mudou-se para Brodowski, interior de São Paulo, bem pequena, com dois anos de idade, junto aos seus pais e sete irmãs, todas costureiras. De família humilde, aos 15 anos começou a trabalhar em uma empresa de confecção para ajudar em casa, e hoje possui mais de 30 funcionários em sua confecção.
Foi com a costura que Madalena viu sua vida mudar. Depois de casada e já com duas filhas pequenas, ela decidiu que não queria mais costurar para os outros, se arriscou, empreendeu e com 26 anos investiu todas as suas economias em quatro máquinas de costura, e na sala de casa mesmo começou a confeccionar. “Eu não dormia direito à noite pensando se conseguiria pagar as prestações das máquinas de costura, que eram bem caras na época, mas foi a melhor decisão da minha vida”, conta.
A confecção cresceu, ficou conhecida e conquistou contratos com grandes empresas para produção de suas coleções. A empresária então construiu um salão para aumentar a produção, contratou funcionárias e viu o negócio deslanchar.
Porém, depois do crescimento, veio a queda. Um prejuízo causado pelo golpe de um grande cliente pausou os sonhos da costureira. “Eu andei financeiramente uns sete anos para trás”, conta Madalena sobre o período conturbado. “Tive que arcar com as dívidas, foi necessário vender o salão, vender meu próprio carro e declarar falência”, revela.
No entanto, desistir da profissão e do sonho de ter a própria confecção não estava nos planos. “Tive que vender tudo para recomeçar, minha filha já estava na faculdade e eu não podia parar, então fomos para um lugar alugado, menor, mais barato, onde eu ia trabalhar de bicicleta, pois tinha vendido o carro. Foi um período difícil, mas nunca desanimei.”
Em um salão menor e alugado, a nova confecção foi montada. Em 2008, a empresa voltou ao patamar de antes da queda, mas dessa vez, Madalena estava mais preparada, experiente e com mais visão de gestão. “Quando a gente apanha, aprende a bater, então eu pensava que precisava aprender com os erros para não errar mais”, fala a empresária. “Investi muito tempo de estudos no Sebrae, em outros cursos, em aprendizado e conhecimento”, conta.
Com muito orgulho, Madalena fala sobre o que a confecção e a profissão de costureira trouxeram para sua família: “Consegui dar o estudo às minhas filhas – uma advogada e outra médica –, algo que eu não tive e que sempre sonhei em proporcionar.” Para ela, ter o ofício de costureira significa felicidade, trabalhar com o que gosta e seguir a tradição familiar. “Ver o que conquistei, minha evolução e meus planos se cumprindo é, para mim, como se tivesse feito um doutorado”, celebra.
Apesar disso, Madalena vê que a profissão é desvalorizada, com empresas que não dão nem o salário-base ou que não condizem com a demanda, muito menos com a importância dos profissionais de costura para a indústria.
A MARCA PRÓPRIA
O sonho e a visão empreendedora de Madalena tornaram real o desenvolvimento de uma marca própria, a Via Oculta, que tem como principais produtos as linhas underwear e moda fitness e uma produção média de 100 mil peças/mês, contando com 102 colaboradores.
O trabalho artesanal da costura, a atenção aos detalhes e a qualidade são diferenciais que a costureira, e hoje empresária de sucesso, faz questão de exaltar. “Busco transpassar o carinho e o amor em cada peça, em cada coleção. E faço questão de compartilhar esse carinho e capricho com minhas costureiras, pois já estive no lugar delas”, relata.
Além disso, Madalena investe na evolução de suas profissionais com treinamentos diários, pois, segundo a empresária, “se não fizermos isso, não acharemos profissionais de qualidade, já que não recebem fora as devidas instruções e capacitações.”
O próximo passo é fortalecer sua marca, que carrega muita história, aprendizados e sabedoria com a inauguração de novas lojas. “Acompanho tudo de perto, desde a modelagem, até as vendas, que agora queremos ampliar. Desejamos que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer nossas roupas e, para isso, teremos novos pontos de venda na região”, compartilha a empresária.
Para as colegas costureiras, Madalena deixa um conselho: “Acreditem nos seus sonhos e valorizem a nossa profissão, que é nobre e requer muita dedicação. Conhecimento e aprendizado abrem muitas portas, e a busca tem que ser constante.”