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CEBDS LANÇA PROPOSTA DE MARCO REGULATÓRIO DE CARBONO NO BRASIL

Às vésperas da COP26, a pauta, discutida no CEBDS desde 2017, pode ser apreciada pelo Congresso Nacional

Mais de 500 pessoas se reuniram online nesta terça-feira (31/08) no Seminário Final do Projeto de Mercados de Carbono, realizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). O evento contou com o lançamento de um Marco Regulatório para o tema no Brasil e também de uma cartilha voltada à sociedade civil. Como consenso nas discussões dos palestrantes, está o enorme potencial brasileiro no desenvolvimento gradual e estruturado de um mercado de carbono, que poderá contribuir com o cumprimento do Artigo 6 do Acordo de Paris, assim como para a economia nacional.

“Desde 2017 o CEBDS trabalha em prol da criação de um mercado de carbono no Brasil. Neste momento, vivemos a expectativa da apreciação do substitutivo ao PL 528, proposto pelo deputado Marcelo Ramos (Partido Liberal- AM). Nossa esperança é que possa ser feito algum anúncio antes da COP26, em Glasgow (Escócia), o que será um importante fator para posicionar definitivamente o Brasil como um importante player mundial”, declarou a presidente do CEBDS, Marina Grossi.

Membro da equipe técnica do CEBDS que liderou as discussões sobre o tema, o professor de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ronaldo Seroa da Mota, apresentou o modelo proposto, que inclui três bases principais: implementação gradual, para permitir que os participantes tenham uma boa compreensão das regras, dos preços e das oportunidades de financiamento das reduções de emissões; proteção à competitividade empresarial, uma vez que a indústria brasileira tem feito esforços para melhorar sua competitividade internacional, e muitas empresas preferiram adotar políticas climáticas – e, em particular, políticas e medidas de precificação de carbono – que não ameacem suas conquistas; e, por fim, a boa governança, com eficácia no sistema de precificação de carbono e, mais especificamente, do arranjo institucional estável, com regras e procedimentos transparentes de participação.

“Esse marco regulatório proposto pelo CEBDS, assim como a cartilha, com um resumo didático, propõe um sistema brasileiro de comércio de emissões que vai incentivar a economia de baixo carbono para garantir que a trajetória das indústrias brasileiras se mantenha e seja reconhecido. Mas, quando fomos discutir o PL 528, o CEBDS entendeu também uma possibilidade de criar o mercado nacional de offset, que não se relaciona com o mercado brasileiro de comércio de emissões, mas que cria um sistema de publicização, de registro e de garantia de segurança jurídica para os trends de offset. Esse sistema vai servir muito mais para criar a base institucional para o Brasil participar do Artigo 6, do mercado voluntário, que vai crescer muito. Então, o PL acabou tendo os dois sistemas.”

Representantes de empresas filiadas do CEBDS reforçaram a importância do mercado de carbono ao país e também reforçaram compromissos e caminhos que têm sido adotados rumo à descarbonização da economia. É o caso da NeoEnergia, representada pela presidente adjunta, Solange Ribeiro. Para ela, o setor energético renovável traz uma grande oportunidade para o Brasil e uma grande oportunidade para alavancar os produtos brasileiros.

“Acreditamos no potencial da precificação de carbono para acelerar a transição energética. Apostamos nisso como uma alavanca muito forte, daí o nosso engajamento em toda essa discussão. Acreditamos que as políticas públicas são muito importantes e temos feito a nossa parte internamente. Já desenvolvemos um projeto de precificação interna de carbono, calculamos o nosso preço, temos todo um trabalho de acompanhamento, entendendo que isso é importante para a nossa trajetória. Hoje temos geração de 87% de energia renovável, devendo chegar a 90%; esse nosso compromisso de combate às mudanças climáticas é uma meta assumida pelo nosso acionista. Esse modelo de desenvolvimento mais sustentável traz sim vantagens competitivas para o Brasil e não podemos perder essa oportunidade”, pontua.

Já Alejandro Girardi, VP de Assuntos Públicos e Sustentabilidade para a América Latina da Bayer CropScience, conta que a empresa se empenha em reduzir suas emissões, mas que, para eles, também é fundamental que haja um mercado estruturado de carbono para atingir a proposta de neutralidade até 2030.

“Temos uma pegada de carbono que precisa ser reduzida e, para isso, temos planos robustos. Nossas metas incluem redução de cerca de 40% das emissões por meio de projetos, e isso tem muito a ver com a transição para energias renováveis. Mas, ainda assim, acreditamos que os outros 60% não conseguiremos reduzir só com projetos, então, os mercados de carbono têm uma importância chave. Estamos olhando para esses mercados para mitigar aquilo que não conseguimos reduzir. Sabemos que a agricultura tem parte expressiva das emissões, mas acreditamos que, por outro lado, pode ser parte decisiva da redução do impacto ambiental”, conta.

Também membro do rol de palestrantes, o deputado Marcelo Ramos ressaltou a importância da colaboração técnica que foi dada à construção do projeto substitutivo. Ele conta que o objetivo é obter um texto com o máximo de convergências possíveis, atendendo aos mais diversos atores envolvidos, e ressalta a importância da apreciação do PL antes da COP 26.

“Precisamos de todo esse suporte dos técnicos que são verdadeiros poços de conhecimento e nos ajudarão a entregar uma matéria que, acredito, será o maior ganho para o Brasil e para o mundo do meu mandato como deputado federal”, conclui Ramos.

marco regulatório e a cartilha podem ser acessados no site do CEBDS.

Foto: rawpixel.com / Freepik

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