Reajuste foi motivado pela expectativa de alta dos preços da gasolina, energia elétrica e dos alimentos
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta terça-feira (24/8), a revisão da previsão para a inflação brasileira em 2021: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi revisto de 5,9% para 7,1%. Parte do aumento veio da expectativa de reajustes mais acentuados para a gasolina e a energia elétrica, que provocaram uma elevação da projeção de preços monitorados de 9,5% para 11,0%. Além disso, os preços dos alimentos no mercado internacional devem fechar o ano acima do esperado anteriormente, especialmente das proteínas animais, o que eleva a projeção da inflação dos alimentos de 5,0% para 6,9%.
De forma semelhante ao que acontece com os alimentos, a pressão advinda de matérias-primas no mercado internacional, combinada com o aumento da utilização da capacidade instalada na indústria e os estoques abaixo do nível desejado, deve manter os preços dos bens industriais em alta. A projeção de inflação desse segmento passou de 4,8% para 6,6%. Já a retomada do setor de serviços gerou uma elevação da inflação desse segmento em ritmo maior que o esperado incialmente, com isso a previsão subiu de 4,0% para 5,0%.
Nos bens de consumo industriais semiduráveis, a alta inflacionária de 4,3% foi puxada pelo aumento de 3,8% nos itens de vestuário e 8,6% nos artigos de cama, mesa e banho.
No acumulado de 2021, registrado até o mês de julho, a alta de 4,76% apontada pelo IPCA já ultrapassa o centro da meta de inflação (3,75%). Apesar de parte dessa pressão inflacionária já ser esperada, dado o represamento de reajustes em 2020, as sucessivas altas das cotações das commodities no mercado internacional e os eventos climáticos adversos, como a longa estiagem e a ocorrência de geadas em regiões de produção agrícola, surpreenderam negativamente e desencadearam novos aumentos de preços de alimentos e de energia.
Os pesquisadores revisaram também a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 5,1% para 6,4% em 2021. De acordo com a Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, o aumento da taxa de inflação medida por esse índice, com escopo que atinge as famílias que vivem nas áreas urbanas e com salários que variam de um a cinco salários-mínimos, deverá ser provocado por preços monitorados e dos alimentos, com altas previstas de 10,5% e 7,9%, e que atingiram patamares superiores ao projetados anteriormente, que eram de 9,2% e 5,2%, respectivamente.
As expectativas para o ano de 2022 estão ancoradas em uma acomodação nos preços internacionais das commodities e na baixa probabilidade de um fenômeno climático adverso intenso. Dessa forma, seria gerada uma menor pressão sobre alimentos, combustíveis e energia elétrica. Além disso, considerando uma retomada mais forte do mercado de trabalho e os seus efeitos positivos sobre a demanda, a sinalização de continuidade da trajetória de alta de juros deve agir no sentido de atenuar as variações de preços de bens e serviços. Por isso, as taxas projetadas para o IPCA e o INPC são de 4,1% e 3,9%, respectivamente. A nota do Ipea ressalta, no entanto, que os riscos à inflação em 2022 seguem associados aos preços das commodities e à taxa de câmbio.