Sebrae e Correios lançaram quatro novas estampas com as rendas de bilro, filé, renascença e irlandesa, homenageando os artesãos brasileiros
Uma linha de quatro selos postais homenageando as rendeiras brasileiras foi lançada nesta quarta-feira (7) pelo Sebrae e pelos Correios. A apresentação das novas estampilhas foi realizada durante live no canal do YouTube do Sebrae. Participaram do evento de lançamento o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, o secretário adjunto da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia, Bruno Portela, e o diretor de Desenvolvimento do Sebrae/RJ, Sérgio Malta. A nova linha já entrou em circulação.
O presidente Carlos Melles destacou que com essa iniciativa cerca de 21 milhões de artesãos e artesãs brasileiros estão sendo homenageados. “Nós estamos referenciando todos que compõem esse mundo tão rico das rendas brasileiras. Essa é uma das pontas da internacionalização das micro e pequenas empresas, principalmente pela riqueza e beleza desse artesanato. Não há quem não se encante pelas nossas rendas”, comemorou o gestor.
Considerada um artesanato que conta apenas com o manuseio de linha e agulha, a renda é praticada no Brasil desde o período da colonização portuguesa. A influência de imigrantes europeus impactou diretamente nesse processo, colaborando para que surgissem inúmeras tipologias de pontos com características variadas em todas as regiões do país. Entre as dezenas de rendas brasileiras, foram escolhidas quatro delas para a representação nos selos, que inclui a renda de bilro, filé, irlandesa e a renascença.
O presidente dos Correios lembrou que os selos são um valioso instrumento para retratar a cultura e a evolução de povos e nações e que a filatelia também é uma forma de contar a história. “Comemoramos a celebração de uma das mais tradicionais atividades da cultura nacional”, frisou Floriano Peixoto sobre essa iniciativa, que conta com o apoio do Programa do Artesanato Brasileiro, do Ministério da Economia, que é parceiro do Sebrae na implementação do Plano de Trabalho do Artesanato Brasileiro, e do Crab (Centro de Referência do Artesanato Brasileiro).
O diretor de Desenvolvimento do Sebrae no Rio, Sérgio Malta, afirmou que essa homenagem é uma alusão às rendas brasileiras, em especial às que são produzidas nos estados da Paraíba, Ceará, Santa Catarina, Pernambuco e Alagoas. “Esses quatro selos mostram as artes desses artesãos. Agradeço a parceria com o PAB, que junto com o Sebrae, está impulsionando o empreendedorismo brasileiro, gerando emprego e renda para todos que vivem dessa atividade”, comentou. “As rendas são a marca do nosso país, e nós, aqui da Sepec por meio do PAB, apoiamos essa inciativa e trabalhamos diariamente para fomentar o artesanato no nosso país”, complementou Bruno Portela, da Sepec. Correios apresentam no CRAB selo postal com imagens das rendas brasileiras.
OBLITERAÇÃO DO SELO
A cerimônia de obliteração do novo selo dos Correios, em homenagem às rendas brasileiras, aconteceu na sexta-feira (2 de julho), no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB). No novo selo foram destacados quatro tipos de trabalhos:
- Bilro – de origem portuguesa, presente em regiões litorâneas do Nordeste e de Santa Catarina. O tecido é produzido sobre almofadas cilíndricas, envoltas num papel grosso, no qual são presos alfinetes ou espinhos de plantas, formando o desenho da renda. Em cada fio de linha a ser trabalhado, há um peso ou bilro, e as renderias os movimentam rapidamente, entrelaçando-os e tecendo a renda, produzindo uma percussão característica, pelo bater dos bilros.
- Filé – a renda é feita sobre uma espécie de malha de linha que se assemelha a uma rede de pesca. Por essa razão, se diz que onde a pesca, se faz filé. Alagoas e Ceará são os principais núcleos produtivos.
- Irlandesa – ao contrário do que pode parecer, não veio da Irlanda, mas a história conta que foi trazida e ensinada por feiras irlandesas. É tradicional da pequena cidade sergipana de Divina Pastora, a 34 Km da capital, Aracaju. Foi declarada Patrimônio Histórico em 2009, pelo IPHAN. A renda é produzida entre duas fitas cilíndricas que são presas sobre o papel onde se fez o desenho da peça.
- Renascença – é parecida com a renda Irlandesa, com a diferença que se usa uma fita plana, e não cilíndrica, chamada lacê. Há também diferenças nos pontos, mas também se trabalha sobre um papel com o desenho da renda. A região do Cariri, na Paraíba, e o Estado de Pernambuco são os principais núcleos produtivos.
SOBRE O CRAB
O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), criado em março de 2016 no Rio de Janeiro, tem como missão promover o artesanato nacional e contribuir para qualificar a imagem dos produtos feitos à mão no Brasil. Em suas galerias estão ou passaram importantes trabalhos de artesanato, revelando histórias, origens e territórios do país.
Abriga ainda uma coleção permanente de mais de 700 itens de todos os tipos, que representam a expressão da cultura popular e da criatividade brasileira. Entre as obras mais significativas estão algumas cerâmicas de Zezinha do Vale de Jequitinhonha (MG), de João Borges (Teresina-PI), João das Alagoas (Capela-AL), Maria Sil (Capela-AL) e as esculturas em madeira de Abelardo dos Santos (Ilha do Ferro-PI). O CRAB também dispõe de midiateca e espaços multiuso, como um auditório de 100 lugares e salas para oficinas e workshops. Os ambientes são destinados à capacitação, formação, especialização, pesquisa e experimentação.
Hoje, o CRAB tem novo desafio: o de se conectar com o todo o país, para reposicionar e qualificar estrategicamente os produtos feitos à mão no Brasil e capacitar os agentes da sua cadeia produtiva. Para isso, foi criado em outubro do ano passado um comitê nacional, com oito membros do Sebrae Nacional e dos Sebraes de outros estados, para apoiar o CRAB nessa nova etapa.
Localizado na Praça Tiradentes, no Centro da cidade, lugar de memória urbana e um importante distrito criativo do Rio de Janeiro, o espaço possui uma estrutura moderna e sofisticada que convive com o padrão construtivo do século XVIII. Esse complexo arquitetônico está regido pela legislação de proteção aos bens tombados pelo IPHAN, na esfera federal; pelo INEPAC, na estadual; e pelo IRPH, órgão municipal. Os três prédios fazem parte do Corredor Cultural do Rio Antigo, criado para preservar áreas históricas.