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SÃO PAULO GANHA NOVO ATELIÊ DE BORDADO MANUAL

Ateliê Behüten será inaugurado no início de julho e ensinará técnicas manuais da Royal School of Needlework

Desde muito cedo, Luana Mucciolo se interessou pelo bordado, observando os trabalhos manuais de sua mãe. Graduada em Moda e mestra em Artes, também observou outro ponto: nas faculdades e escolas de moda aqui no Brasil, a técnica não tem destaque na grade curricular, por isso buscou, por conta própria, diversos cursos fora da faculdade e também fora do país para se aprofundar na prática e teoria da arte de bordar, como a formação na Royal School of Needlework, fundada em 1872 no Palácio de Hampton Court, no Reino Unido.

Passados 8 anos de sua formação, Luana, que durante todo esse tempo vem fazendo seus bordados por encomenda (@behuten.bordado), agora realiza um sonho: ensinar o que aprendeu em seu próprio espaço, o Ateliê Behüten, que abrirá as portas em São Paulo, na Vila Olímpia, com data prevista para dia 1º de julho de 2022.

“Essa é uma oportunidade incrível que eu estava buscando há muito tempo”, conta Luana. Minha intenção com a Behüten sempre foi trazer a memória do bordado e não deixar que essa manualidade seja esquecida, já que temos tão poucos registros da mesma. Portanto, ter um espaço para ensinar as diversas técnicas de bordado, pessoalmente, buscando o máximo de troca com as alunas e alunos é a realização de um sonho. Faz com que todo o estudo aprofundado que faço há 8 anos do bordado, minha especialização em Londres e meu mestrado em Artes valham a pena”, destaca.

A grade completa de cursos ainda está sendo desenvolvida, mas Luana destaca que o curso da técnica irlandesa Moutmellick (foto de abertura) já está disponível, e quem tiver interesse pode entrar em contato (www.behuten.com). O próximo, segundo a artista, será o da técnica inglesa Metal Work. “Minha pretenção é ensinar todas as técnicas inglesas que aprendi na Royal School of Needlework“, reforça.

TODA A DELICADEZA DA BEHÜTEN

Luana Mucciolo, criadora da Behüten Bordados / Arquivo Pessoal

(Matéria publicada na edição 123 – setembro/outubro 2021 da Revista Costura Perfeita – https://bit.ly/3NpoQVL)

Criada por Luana Mucciolo, a Behüten (@behuten.bordado) nasceu da observação da jovem estudante de moda em ver que, aqui no Brasil, as faculdades e escolas de moda não trazem – ou trazem muito pouco – o assunto dos bordados para a sala de aula. Conheça esta história na entrevista dada com exclusividade à Costura Perfeita.

CP: O que despertou seu interesse pelo bordado que a fez até estudar em uma escola centenária de bordado – a Royal School of Needlework? Acha que as escolas de moda brasileiras deveriam abordar mais essa divisão?

LM: Meu contato com o bordado começou desde cedo, com a minha mãe. Ela bordava quadros lindos, sempre usando a técnica do ponto cruz, e foi com ela que aprendi a fazer os primeiros pontos. Quando ingressei na faculdade de moda e me dei conta que não teria esse conhecimento aprofundado no mundo do bordado nas aulas, resolvi ir atrás para aprender mais. Logo no primeiro semestre da faculdade, comecei a fazer aulas com algumas professoras aqui no Brasil e conhecer as mais diversas técnicas que existem dentro do bordado. Cada nova técnica que eu aprendia, dava-me mais vontade de buscar novos conhecimentos sobre o tema. Foi então que, depois de pesquisar muito, percebi que, se eu queria uma formação acadêmica formal na área do bordado, teria que buscar fora do país. Tive a oportunidade de estudar na Royal School of Needlework, no Reino Unido, e tirar meu certificado e diploma em 8 técnicas de bordado. Porém, tenho consciência de que pequena parcela das pessoas que se interessam pelo bordado tem essa oportunidade. Por isso, seria tão importante que as faculdades e os cursos de moda abordassem o tema de forma mais aprofundada, tanto a parte histórica quanto as partes técnica e prática. Infelizmente, isso ainda não é uma realidade, os estudantes de moda que querem adquirir esse conhecimento são forçados a pagar cursos fora da faculdade. Mas acredito que esse cenário está mudando, algumas faculdades estão em busca de trazer as manualidades ao curso, será questão de tempo para que o bordado entre no currículo das faculdades de moda.

CP: Entre as técnicas que você aprendeu, quais as mais utilizadas no Brasil e as mais diferenciadas?

LM: A técnica que eu aprendi que é mais utilizada no Brasil é o bordado livre. Na Royal School of Needlework, esse tipo de bordado é chamado de Crewelwork e é feito com linhas de lã; aqui no Brasil é desenvolvido com linhas de algodão, mas os pontos são praticamente os mesmos. Já as técnicas mais diferenciadas são o Goldwork e Canvaswork, principalmente porque os materiais necessários para o seu desenvolvimento são de difícil acesso, já que não são muito conhecidas. Tenho a intenção de dar aulas e passar todo o conhecimento que adquiri nesses 8 anos que estudo o bordado profissionalmente às pessoas que se interessam pela técnica. Justamente por isso, ingressei no mestrado no início de 2020 na área de Educação, Arte e História da Cultura, para ter uma base melhor antes de montar meus cursos e torná-los realidade.

Botões bordados à mão – Behüten Bordados (Divulgação)

CP: Um caso curioso: o bordado nos botões forrados. Qual é a técnica utilizada e onde aprendeu?

LM: Nos botões forrados, é possível utilizar qualquer técnica de bordado, já fiz com bordado livre, blackwork, pedraria etc. Comecei a fazer os botões colocando a mão na massa, não fiz curso e não aprendi com ninguém. Primeiro fui atrás dos materiais que precisaria e fiz diversos testes para conseguir chegar a um resultado legal. Com o aumento da demanda, comprei um maquinário mais profissional para forrar os botões de uma forma mais eficaz e rápida, mas sempre aprendendo sozinha e pesquisando bastante.

CP: Em sua opinião, de que forma o bordado agrega valor às peças? 

LM: O bordado é uma forma de ornamentação em peças de vestuário tradicional na nossa sociedade. Essa técnica é usada há muitos séculos para contar a história das pessoas e da cultura em que estão inseridas. Portanto, o bordado não serve apenas para adornar, mas também tem uma carga cultural que carrega com cada ponto feito em cada peça. Além disso, quando o bordado é manual, feito por mãos de pessoas reais, demandando tempo e energia, ele carrega toda uma história, sentimentos, subjetividades, tornando as peças ainda mais especiais.

SERVIÇO:

Ateliê Behüten – (11) 98589-5594

www.behuten.com / @behuten.bordado

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