As vendas de tecidos e vestuário lideraram o crescimento do varejo brasileiro em abril, com aumento de 300,7% ante o mesmo mês de 2020, 13,8% frente a março de 2021 e 3,6% no acumulado do ano. A análise dos números deve considerar que a base de comparação era bastante negativa, no contexto da eclosão da Covid-19. De todo modo, o segmento sinaliza recuperação após queda de 15% em 12 meses.
Em termos gerais, as vendas do varejo registraram alta de 23,7% em abril, em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do quadrimestre, o aumento foi de 4,5% e em 12 meses, 3,6%. Frente ao mês anterior, verificou-se alta de 1,8%, ante expectativa do mercado de que haveria queda de 0,3%.
Fernando Valente Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), avalia que, apesar da redução do auxílio emergencial e das novas restrições da atividade econômica no primeiro trimestre, o ritmo de recuperação mostra-se positivo em 2021. “No entanto, o elevado número de desempregados e a inflação em alta reduzem o potencial de consumo e uma retomada mais expressiva”, explica.
COMÉRCIO EXTERIOR
No acumulado de janeiro a maio deste ano, na comparação com igual período de 2020, as importações da indústria têxtil e de confecção aumentaram 38,14% no volume, que totalizou 731.446 toneladas, e 5,51% no valor, que alcançou US$ 2,14 bilhões. As exportações cresceram 20,73% na quantidade, chegando a 82.880 toneladas, e 19,98% em divisas, que foram de US$ 397 milhões. O déficit da balança comercial do setor segue elevado, atingindo US$ 1,74 bilhão.
Pimentel salienta que “a importação específica de roupas havia caído muito nos primeiros cinco meses do ano passado, mas já começa a ser novamente objeto de atenção, principalmente com a potencial apreciação da nossa moeda versus as internacionais”. Olhando de modo específico para maio de 2021, em relação ao mesmo mês do ano passado, verifica-se aumento de 39,13% no volume comprado no Exterior, com o ingresso de 6.152 toneladas de vestuário, e de 44,34% no valor, de U$ 90,2 milhões.
Em contrapartida, as exportações, cujo incremento são fruto dos projetos de incentivo ao comércio exterior realizados pela entidade em parceria com a Apex, mostrando assim a capacidade de resposta da indústria brasileira aos estímulos corretos, poderão vir a sofrer alguma perda de fôlego com a apreciação do real com relação ao dólar. “Porém, os esforços de conquista de novos mercados e clientes continua sendo foco ativo do setor”, conclui o presidente da Abit.