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ÍNDICE DE TRANSPARÊNCIA DA MODA BRASIL 2024

Edição comparativa analisa 6 anos de pesquisa no mercado brasileiro e apesar do leve aumento na transparência das empresas, ritmo de avanço ainda é insuficiente para enfrentar as violações e direitos humanos do setor

O Instituto Fashion Revolution Brasil vem, desde 2018, desempenhando um papel pioneiro ao impulsionar a transparência nas grandes marcas com o Índice de Transparência da Moda Brasil, que se consolidou como uma das ferramentas mais importantes nesse processo. A pesquisa, que entre 2018 e 2023 expandiu sua análise de 20 para 60 marcas, avaliou e ranqueou a divulgação pública de informações sociais e ambientais dessas empresas. Isso permitiu a criação de uma extensa base de dados sobre os desafios socioambientais da moda em nosso país.

Este ano, pela primeira vez, o ITMB apresentou uma edição comparativa, que oferece um balanço desses últimos seis anos da pesquisa, avaliando como e o que as maiores marcas e varejistas no Brasil divulgaram sobre suas políticas, práticas e impactos sociais e ambientais. O estudo examina os desafios persistentes e a divulgação de boas práticas adotadas ao longo do período, proporcionando uma visão ampla sobre os avanços, retrocessos e estagnações da indústria.

Além da análise comparativa, a pesquisa deste ano incluiu um estudo de impacto com as marcas participantes, visando compreender os efeitos e impactos do próprio ITMB. Os resultados mostram que 68% das marcas reconhecem que o Índice impulsionou suas práticas de sustentabilidade e transparência, enquanto 72% percebem mudanças internas como resultado da participação no projeto. As conclusões confirmam que medir a transparência das marcas pode ser um verdadeiro motor de mudança, levando a melhorias contínuas, ressaltando a necessidade de um engajamento cada vez maior da indústria nesse processo.

DESTAQUES

No relatório comparativo de 2024, foram destacados quatro temas-chave para a análise: meio ambiente, direitos humanos, governança e rastreabilidade, com foco nas áreas prioritárias e nas mudanças observadas ao longo dos anos. Apesar desse progresso na pontuação média de transparência (de 17% em 2018 para 22% em 2023), o avanço das marcas ainda é considerado lento, especialmente frente aos desafios sociais e ambientais perpetuados por essa indústria.

Na seção de meio ambiente, foram comparados tópicos fundamentais para direcionar a moda no combate aos impactos climáticos, como emissão de gases de efeito estufa e circularidade. Houve um aumento significativo na divulgação de emissões de gases de efeito estufa pelas marcas, passando de 17% em 2019 para 45% em 2023 (nos Escopos 1 e 2) e, referente à cadeia de fornecimento, de 10% em 2019 para 40% em 2023 (Escopo 3). No entanto, em relação à circularidade, poucas empresas informam quantos produtos são projetados para serem reciclados ao fim da vida útil, evidenciando que práticas para a moda circular ainda estão em fase inicial, com avanços tímidos: de 6% em 2021 para 8% em 2023.

Na seção de Direitos Humanos, são discutidos temas como direitos trabalhistas, trabalhadores migrantes e o trabalho escravo contemporâneo no setor. Dentre os temas analisados pelo Índice, o que apresentou menor crescimento em transparência ao longo dos anos foi a divulgação de informações sobre salários justos ao longo da cadeia de fornecimento. A pontuação média das marcas nesses indicadores passou de 3% em 2022 para 6% em 2023.

Quanto à igualdade de gênero e racial, notou-se que a questão racial ainda não é uma prioridade para grande parte das marcas. Embora a divulgação de programas de desenvolvimento de carreira para reduzir desigualdades de gênero internamente tenha crescido de 16% em 2021 para 27% em 2023, os programas voltados para a desigualdade racial apresentaram um aumento bem mais tímido, subindo de 6% para apenas 13% no mesmo período. Além disso, é importante destacar que a transparência sobre ações voltadas para reduzir a desigualdade de gênero e racial é mais baixa no nível da cadeia de fornecimento. Entre 2022 e 2023, a divulgação de ações com foco na promoção de igualdade de gênero nas instalações dos fornecedores passou de 5% para 7% e sobre igualdade racial e étnica passou de 2% para 3%.

Em Governança, o ITM mostrou que a transparência é impulsionada por exigências regulatórias, visto que as marcas de capital aberto tendem a ser mais transparentes sobre o tema. Das 60 marcas analisadas em 2023, 21 eram listadas em bolsas de valores, com uma pontuação média de 51%, em contraste com apenas 12% das 39 empresas de capital fechado.

A seção de Rastreabilidade foi a que apresentou o maior crescimento na pontuação média geral, passando de 12% em 2018 para 25% em 2023. Focada na divulgação das listas de fornecedores, ela abrange três níveis: fornecedores diretos, instalações de processamento e fornecedores de matéria-prima. A transparência sobre a rastreabilidade permite mapear e monitorar riscos sociais e ambientais, facilita a mitigação colaborativa de problemas e promove uma mudança real nas cadeias de fornecimento. Mas apesar de um expressivo aumento na transparência da divulgação de listas de fornecedores, mais da metade das empresas ainda não publica essas informações.

“A edição comparativa do ITMB revela que, embora tenhamos que celebrar alguns avanços da transparência do setor nos últimos anos, ainda há muito a ser feito pelas marcas para enfrentar os impactos ambientais da moda e proteger os trabalhadores mais vulneráveis ao longo da cadeia de produção. A análise das divulgações feitas nos últimos anos não só destaca o que foi realizado, mas também aponta os próximos passos necessários para cobrar transparência das marcas, pressionando-as a adotar estratégias que enfrentem a crise climática e assegurem os direitos humanos no setor”, declarou Isabella Luglio, coordenadora do projeto.

Para fazer o download completo e gratuito do Índice de Transparência da Moda Brasil – Edição Comparativa, acesse o link.

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