Por Mirtis Fernandes
Falar sobre a gestão de uma empresa de confecção sempre é desafiador, não pelo conteúdo, que é vasto, tampouco pela importância, que é indiscutível, e sim porque o desafio está em diminuir o enorme abismo que existe entre a realidade das empresas e as chamadas “boas práticas”.
A confecção no Brasil é um dos segmentos que mais abrem CNPJs, e isso não se dá pela simplicidade ou segurança do negócio, mas por ser um negócio acolhedor; afinal, para ter uma confecção, não é necessário nem um diploma específico, nem capacitação ou conhecimento técnico e, por incrível que pareça, não precisa dominar nosso idioma. A única exigência para abrir e permanecer nesse ramo é coragem.
Essa realidade possibilita que muitos empreendedores se aventurem e se estabeleçam de forma frágil e muito, muito, arriscada, pois da mesma forma que a confecção é acolhedora também é traiçoeira, porque de fato ela entrega um sucesso inicial, porém superficial. E é aí que o abismo ocorre.
Como vou falar sobre a importância de um processo para quem, aparentemente, tem lucro sem ele e, pior, como vou mostrar o valor de uma ferramenta que automatiza esse mesmo processo se ele nunca foi implementado? Como questionar o sucesso de uma empresária ou empresário que mudou de vida rapidamente se esse é o objetivo da maioria: enriquecimento rápido, mesmo que fugaz.
Somos o país da falta de planejamento, das mudanças repentinas, do improviso. Saber lidar com as adversidades de forma prática é uma característica nossa e até damos um nome para isso: “jeitinho brasileiro”.
Eu também sou brasileira, e brasileiro não desiste nunca, então sigo insistindo em compartilhar conhecimento e mostrar para os corajosos empresários da confecção que dá para ser mais leve; afinal, confecção não é uma aventura e lucro não é sorte.
Confecção é um negócio. Deliciosamente complexo e desafiador, mas é um negócio.
Minha meta é despertar naqueles com quem cruzo o caminho que:
1 – administrar é acelerar;
2 – planejar é proteger;
3 – gestão é hábito;
4 – informação vicia;
5 – existe vida sem Rivotril na confecção.
Parece complicado? Prometo a você que não é e me comprometo a descomplicar quando parecer. Se você acredita nisso, faça como esta revista, que me deu esse espaço, e me dê uma chance de leitura. Em caso negativo, ponha-me à prova: questione, mande temas, reclame. Só não me dê moleza. Sou forjada na confecção e aprendi cedo a navegar em mar revolto.
Enfim, não importa o motivo, apenas venha e participe, pois, diferentemente da sua empresa, aqui podemos viver uma grande aventura, domando o “Monstro da gestão de uma confecção”.
Mirtis Fernandes é CEO da Tátil Inovação e Tecnologia e uma das criadoras do ERP Vesto. Tem 30 anos de confecção, 13 anos de tecnologia e 51 anos de vida.
mirtis@tatilinovacao.com.br