Marca ícone jeans por gerações é relançada por grupo mineiro, mantendo sua identidade e agregando sustentabilidade e tecnologia aos processos
Sinônimo de jeans no Brasil, marca com espaço garantido no coração de gerações de consumidores e símbolo de liberdade, juventude e inovação, a US Top volta ao mercado pelas mãos de um dos maiores grupos industriais do país, a Cia do Jeans, holding mineira responsável pela produção e comercialização de marcas como Wrangler e Vilejack, que adquiriu a marca da Alpargatas e desenvolveu uma linha de produtos com o melhor da tecnologia têxtil disponível no mercado. A consolidação da compra aconteceu em fevereiro deste ano.
O primeiro indigo blue brasileiro pede passagem resgatando ícones da memória afetiva daqueles que viveram a consolidação desse segmento no Brasil, desde a década de 1970 até o início dos anos 2000. Focada em ícones como a calça de cinco bolsos, as jaquetas e as camisas, a US Top pretende reconquistar o mercado nacional primeiramente com a linha masculina, e chegar em 2024 com 30 mil peças distribuídas mensalmente em multimarcas de todo o país. Será uma autêntica democratic label, ou seja, uma marca com preço justo, presente em todo o território nacional, com qualidade de produto, informação de moda e o lifestyle que faz parte da sua história.
A nova US Top será produzida com matéria-prima nacional no polo de Colatina (ES), onde a empresa mantém suas plantas industriais certificadas (Programa ABVTEX) com tecnologia de ponta e processos de confecção e lavagem nos padrões ESG.
TOP OF MIND
“Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada”, ditava o jingle em propagandas de televisão estreladas pela juventude embalada pelo iê-iê-iê da Jovem Guarda, com os festivais de MPB e o cinema de James Dean e Marlon Brando.
Mesmo com a natural chegada de outras etiquetas, nacionais e internacionais, a marca trilhou uma estrada ímpar de sucesso. Até 1995, momento em que já estava longe dos intervalos comerciais do horário nobre, a US Top era top of mind, ou seja, primeiro nome que surgia na cabeça do consumidor quando o assunto era jeans.
TOP SECRET
A história da marca tem início com um projeto secreto desenvolvido pela Alpargatas, sob o nome interno de US, referência aos Estados Unidos, onde o jeans já era um sucesso, sobretudo com o público jovem. O ano era 1972, e o consumidor brasileiro estava ansioso por uma calça que desbotava de verdade, como aquelas que já povoavam os filmes de cinema e as séries de televisão.
Até então, circulavam no Brasil marcas que tentavam imitar as grandes labels internacionais, porém sem o principal: o índigo. Era o caso da Topeka, produzida pela própria Alpargatas.
Quando os executivos da empresa discutiam qual seria o nome da nova marca, optaram por usar o Top (de Topeka) junto com o US, do projeto. E batizaram Top US. A agência de publicidade que atendia a empresa inverteu a ordem e nasceu US Top.
Em princípio sem concorrentes no mercado nacional, o primeiro jeans brasileiro rapidamente ganhou o coração e os corpos dos consumidores. Em tempos de liberdades vigiadas, essa marca também aprendeu a dialogar com o seu público e inovou na comunicação.
TOP DE NOVO
O jeanswear brasileiro, desde a criação da US Top, passou por intensas transformações. O varejo, os grupos empresariais, o marketing e as estruturas de produção atuam hoje em ritmo globalizado, na velocidade da comunicação digital. Mesmo assim, alguns valores resistem ao tempo. O mundo do jeans continua associado ao jovem, que hoje continua jovem em qualquer momento da vida. É uma questão de estado de espírito e não de idade.
Depois de tentativas de ingresso no mundo do luxo, outra convicção resgatada nesse mercado é a ideia de vestir bem com preço justo. Não faz sentido pagar uma fortuna, tampouco arriscar em um produto que não mantém suas características com o uso.
Por fim, o mercado passou a olhar com especial atenção os processos produtivos, atendo à responsabilidade com o meio ambiente e a sociedade. Esses ingredientes parecem sugerir a retomada de clássicos, como aquele jeans mais encorpado, com corte reto, que desbota com o uso, como uma espécie de RG de quem usa: pessoal e intransferível.