Por Guilherme Andrada
As marcas brasileiras estão ampliando sua presença no exterior e conquistando celebridades internacionais. Em setembro de 2023, os fãs de Beyoncé foram surpreendidos quando a cantora usou um figurino especial em um show no Canadá.
O design, adornado com franjas de cristais, foi criado sob medida pela estilista mineira Patricia Bonaldi. Neste ano, Patricia também vestiu as cantoras Jennifer Lopez e Camila Cabello, e Camila exibiu um dos figurinos da estilista no red carpet do Grammy em fevereiro.
A moda brasileira, historicamente vibrante no cenário internacional, está à beira de uma expansão sem precedentes. De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), atualizado em janeiro de 2022, a moda e o design geraram mais de US$ 2,5 trilhões em vendas anuais em todo o mundo. Esse valor é referente a vestuário, acessórios, design e mídia.
O Brasil já se destaca como o 4.º maior produtor de vestuário do mundo, atrás da China, da Índia e do Paquistão, respectivamente, evidenciando o dinamismo e a capacidade inovadora do setor. O desafio agora é ampliar o alcance global. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), essa expansão poderia aumentar as exportações em até 30% nos próximos cinco anos, posicionando o Brasil como um líder reconhecido em moda sustentável e inovadora.
O foco na sustentabilidade é particularmente relevante e pode servir de diferencial competitivo significativo, considerando que o mercado global de moda sustentável deverá atingir 27 bilhões de dólares até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 20% entre 2024 e 2030.
As marcas que demonstram um compromisso genuíno com a sustentabilidade e a responsabilidade social têm maior probabilidade de ganhar a confiança e a lealdade dos consumidores internacionais.
Além disso, a formação de parcerias estratégicas com empresas especializadas na exportação de moda, bem como a participação em feiras internacionais, é essencial para ganhar reconhecimento e penetração em mercados estrangeiros. O setor tem o potencial de redefinir o Brasil como um ícone global de moda inovadora e consciente. Em um passo inicial no exterior, a rede de vestuário e artigos esportivos Track&Field inaugurou sua primeira loja em Cascais, Portugal, e incluiu nessa bagagem sua plataforma de eventos.
“Expandir e conquistar novos territórios têm sido parte da nossa estratégia de crescimento aqui na Track&Field. Nesta semana, demos mais um passo nessa direção ao inaugurarmos a nossa primeira franquia fora do Brasil em Cascais, Portugal”, diz Fernando Tracanella, CEO da Track&Field, e segue pontuando. “Cascais tem muitos brasileiros e turistas e vai gerar uma exposição relevante para a marca, mas vamos dar um passo de cada vez. Em 2024, a ideia é testar e validar o resultado dessa loja. Mas estamos bem confiantes de que essa pode ser uma nova avenida de expansão.”
Outra marca que vem se destacando no mercado Internacional é a veterana FARM, que em 2022, por meio da FARM Global, que reúne as operações da marca fora do país, atingiu um faturamento de R$ 490,4 milhões, alta de 80,7% na comparação anual. A previsão é a de que até 2026 a receita da empresa no exterior ultrapasse a da operação da FARM no Brasil, que nesse mesmo ano foi de quase R$ 1,2 bilhão.
A Loja Três também se destaca pelo crescimento obtido em suas estratégias de crescimento com o e-commerce e lojas multimarcas.
“No início de 2022, definimos o sonho de vender fora do Brasil, mas nos parecia um objetivo distante e não sabíamos por onde começar. Encontramos na Kaza Brazil a possibilidade de fazer o sonho da Loja Três possível, mas só chegamos ao sucesso do projeto pelo apoio incansável do time que escolheu sonhar com a gente. O dia do go live parecia uma manhã de Natal”, conta Francisco Bion Furst, CEO Loja Três.
Muitas marcas erram ao tratar uma expansão internacional, sem perceber que é necessário construir uma nova identidade e compreender profundamente a cultura local para adaptar a venda de seus produtos e serviços.
Um dos obstáculos frequentes na expansão internacional das empresas brasileiras é a falta de cultura, matéria-prima e, em geral, a capacidade de desenvolver uma coleção de inverno. Portanto, é essencial planejar e entender como adaptar suas coleções para o hemisfério norte.
Para competir efetivamente no mercado internacional, as marcas brasileiras também devem investir em inovação e qualidade. Isso inclui não apenas a criação de produtos de alta qualidade, mas também a adoção de práticas sustentáveis e tecnológicas avançadas.
A expansão internacional bem-sucedida exige uma visão de longo prazo e um comprometimento contínuo com a adaptação e a melhoria. As marcas devem estar preparadas para enfrentar desafios e ajustar suas estratégias conforme necessário. Isso pode incluir a adaptação de modelos de negócios, a introdução de novos produtos e serviços e a exploração de diferentes canais de distribuição. Com uma abordagem proativa e flexível, as marcas brasileiras podem não só expandir sua presença global, mas também se estabelecer como líderes inovadoras e influentes no mercado internacional.
Guilherme Andrada é fundador & CEO da Kaza Brazil, que atua na expansão internacional de marcas brasileiras por B2B, B2C & Cross-Border e consultor de Inovação na Andrade Máquinas.
@kazabraziloficial / Linkedin: Kaza Brazil
(ABERTURA) Look da estilista Patricia Bonaldi, que tem se tornado um case de sucesso em internacionalização. / Divulgação