Você está aqui
Home > sustentabilidade > A IMPORTÂNCIA DE ESG PARA PEQUENOS NEGÓCIOS DE MODA

A IMPORTÂNCIA DE ESG PARA PEQUENOS NEGÓCIOS DE MODA

Por Kamila Merle

A sustentabilidade está cada vez mais em voga no mundo da moda. O conceito ESG (Environmental, Social and Governance) – ASG (Ambiental, Social e Governança) no Brasil – ressalta a importância de práticas empresariais que vão além do lucro, considerando também os impactos ambientais, sociais e de governança. Este artigo explora como pequenos negócios de moda podem adotar essas práticas para garantir um futuro mais sustentável e lucrativo, com base no guia Sustentabilidade na Moda – Um Guia Prático do Sebrae.

Quando falamos de práticas ambientais, a primeira coisa que vem à mente é o impacto que nossas escolhas têm no planeta. Para pequenos negócios de moda, optar por materiais sustentáveis é essencial. Isso significa escolher tecidos orgânicos, reciclados ou de baixo impacto ambiental e garantir que os fornecedores também sigam essas práticas. Um exemplo prático citado no guia é o Projeto Algodão da Paraíba, que utiliza algodão orgânico e agroecológico. Além disso, marcas como a Demode utilizam tingimento natural e algodão orgânico para minimizar impactos ambientais.

Produzir localmente não só reduz a pegada de carbono, mas também apoia a economia da comunidade, como mostrado pela marca TRAMA AFETIVA, que reaproveita resíduos de guarda-chuvas através de uma cooperativa de catadoras.

Desenvolver produtos com design sustentável também é uma prática importante. Isso inclui criar peças que sejam duráveis, versáteis e fáceis de reciclar, evitando assim os modismos de curta duração, que contribuem para o desperdício. Implementar práticas eficientes de gestão de resíduos, promovendo a reciclagem e reutilização de materiais, é outra estratégia essencial. O Banco de Tecido, por exemplo, promove a circulação de tecidos de reuso de tecelagens, confecções e ateliers, contribuindo para a redução de resíduos têxteis.

As práticas sociais são o coração de uma empresa responsável. Garantir que os trabalhadores na cadeia de produção tenham condições de trabalho seguras, salários justos e direitos trabalhistas respeitados é uma das principais iniciativas que pequenas empresas podem adotar. Promover um ambiente inclusivo, que celebre a diversidade entre funcionários, fornecedores e clientes também é vital. Programas de apoio e capacitação para as comunidades locais são formas eficazes de retribuir e fortalecer laços comunitários. O guia menciona o Projeto Sankofa, que visa dar visibilidade e suporte a empreendedores racializados, destacando marcas como Ateliê Mão de Mãe e Meninos Rei.

Cuidar do bem-estar dos funcionários, oferecendo benefícios de saúde e apoio psicológico, promove maior satisfação e produtividade no trabalho. Ser transparente sobre a cadeia de fornecimento, informando os clientes sobre as práticas éticas adotadas, fortalece a confiança na marca. E apoiar causas sociais relevantes, seja através de doações ou parcerias, mostra que a empresa está comprometida com um impacto positivo na sociedade. A marca Justa Trama exemplifica essa abordagem ao reunir diversos elos da cadeia produtiva do algodão orgânico em uma rede de economia solidária.

A governança eficiente é o alicerce que sustenta todas essas práticas. Uma estrutura organizacional clara, com papéis e responsabilidades bem definidos, é essencial. Um código de conduta e ética orienta o comportamento dos colaboradores e parceiros. Estar em conformidade com as regulamentações legais aplicáveis à indústria da moda evita problemas futuros e promove uma operação ética. As políticas de recursos humanos devem promover igualdade, diversidade e práticas justas de recrutamento e remuneração. Proteger a segurança da informação da empresa, incluindo dados de clientes, fornecedores e operacionais, é uma prática essencial de governança. Um planejamento estratégico bem definido, com metas claras e objetivas para o crescimento sustentável, guia a empresa rumo ao sucesso. Adotar práticas financeiras sustentáveis garante a saúde econômica da empresa, enquanto uma comunicação transparente com todas as partes interessadas fortalece a reputação da marca.

Para os pequenos negócios de moda, a adaptação às práticas ESG não só ajuda a minimizar impactos negativos, mas também é uma maneira estratégica de se destacar num mercado cada vez mais competitivo. Empresas que incorporam ESG em suas operações têm mais facilidade em atrair investimentos, reduzir custos operacionais e conquistar consumidores cada vez mais conscientes e exigentes. Além disso, a adoção dessas práticas pode abrir portas para novos mercados e parcerias, aumentando a competitividade e garantindo a longevidade do negócio.

Adotar práticas ESG em pequenos negócios de moda não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia inteligente, que traz inúmeros benefícios. Além de contribuir para a sustentabilidade global, essas práticas resultam em redução de custos, acesso facilitado a investimentos, atração de consumidores conscientes e uma vantagem competitiva no mercado. Integrar ESG nas operações diárias constrói uma base sólida para um crescimento sustentável e resiliente, atendendo às expectativas crescentes dos consumidores e moldando um futuro mais consciente, ético e sustentável para a indústria da moda.

Kamila Merle é gestora nacional de Moda do Sebrae.

Referências: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Sustentabilidade na Moda – Um Guia Prático.

Deixe um comentário

Top