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A MAGIA DA ‘CALUNGA’ ENCANTA AS PASSARELAS DE MILÃO

Natural Cotton Color apresenta sua nova coleção, Calunga, no evento Beyond The Claim, e lança nova mistura de fibras

A Natural Cotton Color, marca de moda brasileira reconhecida pelo compromisso com a sustentabilidade e pelo uso exclusivo do algodão orgânico da Paraíba, que já nasce colorido, lançou sua nova coleção em 20 de setembro. O desfile aconteceu no evento “Beyond the Claim”, no Museo Nazionale Scienza e Tecnologia Leonardo da Vinci, com organização da World Sustainability Organization & Foundation, Friend of the Earth, e da plataforma de moda sustentável Brasil Eco Fashion.

Leo Mendonça e Francisca Vieira, da Natural Cotton Color.

O desfile apresentou 20 looks da coleção que celebra a rica herança cultural brasileira e o Maracatu, manifestação cultural do Carnaval no Nordeste, especialmente na Paraíba e Pernambuco. A coleção completa, de 35 looks, é inspirada na Calunga, que simboliza a magia e o poder das tradições afro-brasileiras. As peças têm a alfaiataria e os detalhes artesanais como base para um design contemporâneo, unindo tradição cultural e inovação têxtil. A coleção foi criada por Francisca Vieira, CEO da Natural Cotton Color, em parceria com Leo Mendonça, e tem consultoria criativa de Elis Janoville.

A Natural Cotton Color utiliza algodão orgânico que já nasce colorido na região do semiárido da Paraíba. O algodão é cultivado pela agricultura familiar em assentamentos e em comunidades tradicionais quilombolas, com contrato de compra garantida. A cultura não é irrigada (somente com as chuvas), não leva pesticidas e o processo industrial elimina a etapa de tingimentos químicos. A economia é de 87,5% de água quando comparada a produtos similares na indústria da moda, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O algodão orgânico paraibano tem certificação orgânica internacional e os produtos Natural Cotton Color têm certificação internacional de rastreabilidade e sustentabilidade Friend of the Earth.

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS TECIDOS

Entre as inovações, a empresa lançou novos tecidos com fios de algodão colorido orgânico e fios desenvolvidos com resíduos de seda. “Usamos seda e algodão colorido para a criação de uma sarja de luxo. Este denim é resultado da junção desses dois fios: o de seda no urdume e o fio de algodão na trama”, explica Francisca. É possível notar o aspecto acetinado em algumas peças apresentadas na passarela.

A empresa já desenvolveu em outro processo industrial uma malha de algodão orgânico com seda. “A malha é resultado de uma técnica chamada ‘mistura íntima’, onde a seda é misturada com o algodão antes de fazer o fio”, esclarece Francisca. Estes materiais exclusivos têm toque macio e aspecto acetinado. Esta mesma técnica também foi usada para desenvolver tecidos de algodão orgânico com linho. Já o jacquard tem grafismo composto com dois tons de algodão colorido. Neste tecido, desenvolvido pela Ecosimple, o desenho floral faz referência à chita, elemento tradicional das manifestações populares no Brasil, acrescentando um toque vibrante e cultural às peças da coleção Calunga.

Estas inovações têxteis colocam a Natural Cotton Color à frente em soluções para o mercado de moda sustentável. Enquanto o denim foi desenvolvido com a seda da Casulo Feliz, que trabalha com casulos rejeitados pela indústria, as malhas e os tecidos planos foram desenvolvidos com a seda da Bratac, que forneceu a Anafaia, nome que se dá aos primeiros fios que o bicho da seda produz antes de começar a formação do casulo. Trata-se do início da produção de um dos mais nobres fios da indústria têxtil.

PRESERVAÇÃO CULTURAL

A referência cultural da coleção Calunga destacou a importância de honrar as tradições e as raízes africanas. Ao mesmo tempo, é uma homenagem a comunidades tradicionais, como os quilombolas, que cultivam o algodão colorido orgânico, plantado com contrato de compra garantida com a empresa.

A coleção ‘Calunga’ é rica em técnicas artesanais que valorizam a cultura local e nordestina. Entre elas, destaca-se o Labirinto, bordado sobre tramas de tecido desfiado que é patrimônio imaterial da Paraíba. Esta técnica reforça a ligação da coleção com o município de Ingá, maior produtor de algodão orgânico do estado e polo produtor do Labirinto. As rendas renascença e de bilro, bem como o crochê, são amplamente utilizados, desenvolvidos com técnicas manuais da tipologia têxtil produzidas com linhas Círculo. Tassel e franjas, incluindo as do macramê, adicionaram movimento às peças na passarela, trazendo um toque contemporâneo à tradição artesanal. A coleção foi apresentada com bolsas da Makano, que criou uma coleção exclusiva para o desfile, e com calçados da Pacoa, que desenvolveu uma coleção com crochê, macramê e renda filé – também lançada durante o evento em Milão.

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