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BRÁS: UM POLO DE COMÉRCIO E ALTA TECNOLOGIA

Bairro centenário abriga empresas que investem em tecnologia de ponta, modernizando o maior polo confeccionista do país

Com pouco mais de 200 anos, o bairro do Brás, em São Paulo, sempre foi um dos principais polos produtivos e principalmente comerciais não só da capital paulista, mas também do país. Aliás, é ali que o Brasil e o mundo se encontram, em um sincretismo cultural em que há espaço para todos.

O Brás também reina absoluto no posto de maior polo confeccionista de vestuário do país, tanto na produção quanto na comercialização em atacado e varejo, e é praticamente impossível não haver movimento por ali: durante o dia, circulam no bairro, em média, 400 mil pessoas (no período do Natal bate 1 milhão) no horário comercial, com lojas abertas. Depois, ainda acontece a Feira da Madrugada, mantendo o comércio fervilhante.

Segundo a Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), o bairro possui 55 ruas comerciais, em torno de 15 mil estabelecimentos e emprega, diretamente, cerca de 200 mil pessoas. Indiretamente, chega a 400 mil, segundo a entidade.

Mas em meio àquele formigueiro de gente interessada no comércio popular e atrás de portinhas as quais passamos facilmente despercebidos, há empresas que utilizam tecnologia de ponta na sua produção, as mesmas que grifes internacionais, inclusive. E é isso o que queremos desmistificar: há alta qualidade, altos investimentos e uma nova era de modernização no dia a dia de confecções estabelecidas ali.

Uma delas é a Empório Alex. Com 20 anos de mercado completados agora em outubro, a Empório Alex nasceu e cresceu no Brás, primeiro como varejista e, depois, como confecção própria. Sua sede fica em um prédio com 10.500 m2 de área, onde abriga 500 colaboradores e o coração e o cérebro de todo o desenvolvimento de produto, bem como parte da produção, que está distribuída em mais duas unidades: uma em Jandira, no interior paulista, dedicada à parte de malharia, e outra em Minas Gerais, onde fica a produção de jeanswear.

Alex Teixeira, fundador e presidente do grupo Empório Alex – e apaixonado confesso pelo Brás –, lembra que 10 anos atrás tinham 20 lojas próprias (atualmente são 54), mas queriam ter maior escala e competitividade. Partindo dessa premissa, traçaram um plano que ele considera a virada de chave na Empório Alex: a profissionalização e a automação na linha de produção, incluindo criação, modelagem, corte e comunicação integrada e em tempo real entre colaboradores e fornecedores.

“Sempre acreditamos na tecnologia como aliada a nos favorecer e ajudar nos processos. Para ganhar escala, tínhamos que automatizar, pois era impossível conseguir isso no processo manual, produzindo milhares de peças por dia”, diz Alex.

“Além de escala, pois triplicamos a produção, ganhamos muito em agilidade e qualidade, eliminando os erros que interferiam no processo e no produto final. Um exemplo: se eu não tenho um software de modelagem, encaixe e corte automático, não consigo automatizar a costura de um bolso de calça, pois dará diferença no tamanho da forma da máquina, desperdiçando material, tempo e dinheiro.”

Alex conta que depois de muitas viagens e visitas a diversas fábricas pelo mundo, optou tanto pelos sistemas quanto pela sala de corte da Lectra para esse investimento. “Hoje, é impossível retroagirmos: cortamos uma média de 20 mil a 30 mil peças por dia e já adicionamos mais maquinários, estamos com capacidade para produzir o dobro. De fato, os investimentos em automação não são baratos, mas, com o trabalho que fizemos, aquele investimento se pagaria muito rápido, e isso realmente aconteceu: temos muito menos defeitos e é possível fazer a quantidade de que precisa, com a qualidade de que necessita. Nossa margem de erro hoje não chega a 1%, e isso contribui para a redução de desperdício de matéria-prima e amortização do valor investido”, destaca o fundador da Empório Alex.

ATRAVESSANDO GERAÇÕES

A caminho do cinquentenário, a Têxtil Betilha foi fundada no Brás em 1977, por Benone Felix e Maria Otília. Por fora, a fachada que guarda a maior parte das memórias do início da empresa, que começou confeccionando bermudas masculinas em sarja; por dentro, uma área de 7.500 m2 com a estrutura toda modernizada e produção de mais de 200 mil peças por mês em formato private label aos maiores varejistas do país e também do exterior, com capacidade produtiva de 1,4 milhão de peças ao ano em moda feminina, masculina e infantil. Recentemente, a Betilha criou sua marca, a Raizzis, um conceito de moda sustentável que utiliza todo seu know-how de anos de fabricação para desenvolver produtos de excelente qualidade. Aliás, a empresa possui Certificação ABVTEX desde 2000, tendo conquistado o nível Ouro.

Mas para dar conta de tudo isso, a automação também se torna imperativa. Daniele Poyatos, diretora comercial da Têxtil Betilha, destaca que a localização estratégica no Brás, aliada ao uso de tecnologias de ponta, permite que a empresa atenda às demandas de forma eficiente e competitiva.

“Nossa produção utiliza sistemas de corte automático, o que nos trouxe ganhos significativos em precisão, economia de materiais e agilidade nos processos produtivos. Esse investimento tem sido fundamental para elevar a qualidade e a agilidade de nossas coleções. O investimento em soluções Lectra, como a máquina de corte Vector, trouxe-nos ganhos significativos em precisão, economia de materiais e agilidade nos processos produtivos. Também temos um suporte remoto e presencial ágil e de excelente atendimento, o que nos ajuda a não perdermos muito tempo de produção quando temos problemas, demonstrando o compromisso da empresa com a excelência”, reforça Poyatos, apontando o crescimento sustentável e tecnológico da companhia.

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