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BRASIL É O NOVO MERCADO-ALVO PARA A KORNIT 

Empresa israelense de impressoras têxteis quer fortalecer eixo comercial na América Latina com aporte de investimentos e produção on demand

Uma empresa que dorme e acorda pensando no mercado têxtil. Assim se autodefiniu a direção da Kornit, empresa israelense de impressoras e soluções digitais voltadas exclusivamente a este setor, em seu primeiro encontro anual realizado no Brasil, com a presença de representantes de países latino-americanos, para onde estão voltadas as atenções e investimentos neste momento.

O encontro aconteceu em Barueri (SP), em fevereiro, onde todo o time Kornit, incluindo o novo presidente da companhia para a América, Ilan Elad, pode conhecer de perto o funcionamento da Texperience, fábrica inteligente e totalmente sustentável montada pelo Grupo Bloom em seu showroom na cidade.  

Em evento para imprensa e convidados, Ilan e Felipe Sanchez, CEO do Grupo Bloom, representante exclusivo Kornit no Brasil, puderam falar sobre os novos planos e perspectivas da companhia israelense, que tem na América Latina – com destaque para o Brasil – um novo mercado-alvo, com promessa de vultosos investimentos.

Um dos pontos destacados foi a produção onshore (local), ou o mais próxima possível do cliente final, ainda mais num país continental como o Brasil, que Ilan Elad considera um desafio, frente a questões político-econômicas, que ainda não estão muito claras, e, ao mesmo tempo, o surgimento de grandes oportunidades, pois requer ajustes no modus operandi atual da cadeia produtiva nacional.

“A Kornit acredita muito do conceito de “fazenda de impressão”. Este conceito permite a colocação de hubs que possam atender marcas locais com mais eficiência e mais próximos aos clientes finais. Com isso, a Kornit já desenvolveu além das máquinas, tecnologia, tintas e software, também a conectividade API para este tipo de integração”, explica Elad. “América Latina e especialmente o Brasil passa por um momento muito interessante, com a subida de custos e entrada predatorial de marcas da China. Por isso, existe uma pressão maior em pensar fora da caixa e implementar produção onshore e nearshore de forma muito rápida, também para não ficar nas mãos dos asiáticos. Sem falar da pressão ambiental que estamos passando”, ressalta o executivo, especialmente no consumo de combustíveis fósseis e geração de gases de efeito estufa no transporte com uma produção mais longe de seus clientes – além de aumento nos custos e demora na entrega.

Outro aspecto importante ressaltado por Ilan e Felipe é o maior custo dos juros, atualmente, e o dinheiro que se perde parado no inventário de peças não vendidas. “Entendi que as pessoas que carregam o inventário correto, podem reduzir seus custos, produzindo só o que for necessário. Acho que esta é uma oportunidade gigante para grandes indústrias – carregar menos inventário -; e designers e influenciadores, por outro lado, podem simplesmente fazer outsourcing para outra pessoa que produzirá para ele o que for necessário. Nos EUA e Europa essa transformação já está acontecendo.

No Brasil, Argentina, Peru e outros países da América Latina, a Kornit enxerga que as empresas estão entrando neste jogo e que estão realmente dispostas a acompanhar esta transformação”, observa Ilan.  

SERIA ESTE, FINALMENTE, O MOMENTO DO ON DEMAND GANHAR TRAÇÃO NO BRASIL?

Na opinião do presidente da Kornit para a América, não há melhor tempo que o agora. “Todo mundo acima de 30 anos sabe que o mundo está mudando rápido. A moda hoje não está definida pelos principais players, mas por influenciadores, e não precisa ser nenhuma “Kardashian”. Os maiores players hoje no mercado são pessoas que têm, por exemplo, 10 mil ou 20 mil seguidores em redes sociais, que se comunicam diretamente com seu público. As marcas que conseguirem responder rápido aos anseios destes consumidores ganharão mercado, as que não, irão sumir dele. Acho que este é o ponto-chave. Por isso estamos investindo muito na tecnologia”, destaca. Segundo Ilan, mais de 8% do faturamento da Kornit retorna para reinvestir no setor de Pesquisa e Desenvolvimento, totalmente dedicados ao setor têxtil. A companhia possui atualmente duas plantas fabris de maquinários e uma dedicada às tintas, 100% sustentável, todas em Israel.

Ilan Elad, novo presidente da Kornit América, e Felipe Sanchez, CEO do Grupo Bloom. / Foto: Silvia Boriello

Voltando à questão da produção on demand, onde a Kornit pretende atuar fortemente aqui no país, Felipe Sanchez, do Grupo Bloom, enfatiza que o entendimento que têm é que o Brasil e o mundo vivem um momento totalmente desafiador quando se fala em estabilidade política e econômica. Porém, o mesmo parâmetro que torna isso um desafio, se mostra para a Kornit uma grande oportunidade, pois, mais do que nunca, o custo envolvido numa operação têxtil fica cada vez maior, e a empresa quer mostrar que é possível fazer um ajuste inteligente e sustentável ao mesmo tempo, reduzindo custos de forma significativa.

“Já temos uma cadeia têxtil que, tipicamente, é muito pressionada no fluxo de caixa, mas que em momentos como a atual conjuntura econômica e custo de juros, isso fica ainda mais expressivo. Elementos que antes não eram tão relevantes hoje passam a ser um componente importante de custo.

Este é o momento mais propício para abordar o cliente e dizer: “aqueles 24% que é fabricado e não é vendido, que a Abit reporta, em 2019 isso te custava de 2% a 3% ao ano; hoje, teoricamente, te custa entre 13% e 14%, mas ninguém consegue pegar dinheiro ao custo da taxa Selic, pois há, além de tudo, uma aversão a crédito. A grande verdade é que isso tem feito com que os clientes olhem para a tecnologia e percebam que há mais ali do que só um comparativo de qualidade, mais do que fazer uma estampa bonita; há o aspecto de supply chain, o que, no meu entendimento, é o que torna a Kornit diferente de outras empresas”, diz Sanchez.

“Primeiro, porque quando falamos de impressão digital como um todo, a Kornit “acorda todos os dias de manhã” só pensando em têxtil – este é “o” mercado da Kornit. Além disso, o CEO da empresa “acorda de manhã” pensando na cadeia de suprimentos, na logística do têxtil. Então, não estamos apenas desenvolvendo máquinas, mas também softwares. Estamos desenvolvendo o que chamam de GFN (Global Fulfillment Network), trabalhando para conectar as marcas com os prestadores de serviços. Nosso trabalho extravasa o que é feito dentro da indústria: ele chega à marca, ao varejo, ao estilo, ele passa o que são os limites tradicionais do que simplesmente oferecer uma máquina a uma empresa. Ela, a empresa, continua sendo nossa cliente, mas o trabalho vai além. O mais interessante que a Kornit faz é o quanto ela está inserida 360º no têxtil e o quanto ela extravasa a impressão digital em si”, explica o CEO do Grupo Bloom.

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