Por Fabianne Pacini
As discussões sobre o futuro do setor e a implementação de boas práticas alinhadas com as ações de sustentabilidade são pontos cruciais para o desenvolvimento responsável da indústria têxtil. Nesse contexto, o conceito de circularidade ganha agora status de megatendência que promove ações de responsabilidade socioambiental, compreendendo que nada possui um fim definitivo, mas tudo se transforma na natureza.
O modelo tradicional linear de produção (uso e descarte), que resulta em resíduos significativos, terá um fim? Essa é mais uma questão sem resposta, pois a intenção ainda não reflete a ação necessária da indústria têxtil para deixar de exercer um papel significativo na economia como fonte de impacto ambiental.
Nesse cenário contrastante, a circularidade surge como a grande tendência na economia global. O “New 2024 Report on Circularity Gap”, documento produzido pela Circle Economy Foundation, mostra claramente que a abordagem de um mercado sustentável cresceu significativamente em volume de discussões, debates e artigos em torno do tema, tendo triplicado nos últimos cinco anos. Porém, o relatório mostra que, apesar desse interesse crescente, a circularidade apresentou declínio no consumo de materiais secundários pela economia global, com uma queda de 21%, ou seja, de 9,1% em 2018 para 7,2% em 2023.
Essas estatísticas evidenciam que, apesar de a economia circular ter atingido a posição de megatendência, ela ainda continua na esfera do discurso, precisando passar rapidamente à prática. A mudança só virá com soluções que comecem no design de moda, com produtos pensados para maior longevidade, durabilidade, e que, ao final do ciclo de vida, possam ser ressignificados de forma eficiente e relevante. Cada vez mais será necessário às empresas buscar colaboração na cadeia de valor, troca de conhecimento, inovação e tecnologia para que a circularidade aconteça e que, como sociedade, tenhamos sucesso nessas iniciativas.
O consumo continua crescendo. O relatório indica que só nos últimos cinco anos consumimos globalmente 500 gigatons, o que equivale a 28% de tudo, todos os materiais que a humanidade consumiu desde 1900. Veja bem: em 5 anos consumimos quase um terço do total consumido em 117 anos.
Precisamos nos mover rapidamente para criar uma economia circular, incorporar os conceitos e trabalharmos juntos em direção a um impacto positivo do setor.
“Se duplicarmos essa taxa de 7,2%, limitaremos o aquecimento global bem abaixo dos 2 graus, aumentaremos a biodiversidade e criaremos um ar mais limpo. Em um mundo 17% circular, a catástrofe climática será evitada”, segundo a Circle Economy. Não basta uma ou mais alternativas, são necessários transição, um novo modelo e muita criatividade, coisas que só a moda sabe fazer, mas agora pensadas desde a produção até o descarte.
Pense em qualidade, durabilidade e beleza, associadas à menor emissão de gases de efeito estufa na produção, biodegradabilidade ao final da vida útil, menor uso de recursos como energia e água, redução de resíduos com a reciclagem, na reutilização de matérias-primas. As ferramentas já existem: a NILIT, por exemplo, já oferece todas essas possibilidades com soluções sustentáveis na poliamida SENSIL®, que transformou todo o seu portfólio de produtos para preparar a transição para um menor impacto possível.
O desejo dos consumidores está diante de nós e, como indústria, temos uma grande oportunidade pela frente. A Terra é redonda, o mundo gira e a moda pode ser circular.
Fabianne Pacini é diretora global de Marketing da NILIT.