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DIA HISTÓRICO: MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA CONCLUEM TERMOS PARA ACORDO BILATERAL

Se assinado, o acordo eliminará tarifas para 97% dos bens manufaturados no comércio entre os dois blocos, gerando uma grande oportunidade ao setor têxtil e confeccionista brasileiro

Nesta sexta-feira (6), foi assinado em Montevidéu, no Uruguai, durante a cúpula do Mercosul, o Acordo de Associação Mercosul-União Europeia, resultado de um longo processo de negociação iniciado em 1999. Na ocasião, Na ocasião, estavam presentes presidentes de países do bloco sul-americano como Javier Milei (Argentina), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Santiago Peña (Paraguai), o anfitrião, Luis Lacalle Pou (Uruguai), além da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.

Após avanços significativos ao longo dos anos, as negociações foram concluídas preliminarmente em 2019. No entanto, a ratificação e implementação do acordo ficaram paralisadas devido a preocupações levantadas por ambas as partes, principalmente relacionadas a questões ambientais e de sustentabilidade. Em 2023, as negociações foram reabertas com o objetivo de abordar essas preocupações e buscar um consenso equilibrado.

Ao estabelecer uma das maiores áreas de integração econômica do mundo, abrangendo um mercado de mais de 750 milhões de consumidores, com participação de 17% da economia global e 30% das exportações mundiais de bens, o acordo criará bases para integrar a economia brasileira a cadeias de valor de forma mais robusta e competitiva. 

O acordo representará um passo importante para reverter o processo de re-primarização das exportações nacionais. Com a abertura do mercado europeu, aproximadamente 97% das exportações industriais brasileiras ao bloco terão tarifa zero assim que o acordo entrar em vigor. Essa medida incentivará a indústria do Brasil a exportar bens de maior valor agregado para um mercado altamente competitivo, com um PIB per capita de US$ 40,8 mil, fortalecendo a presença do país em cadeias globais de valor e promovendo a diversificação da pauta exportadora.

“Além de diversificar nossas exportações e ampliar a base de parceiros comerciais, elevando o acesso preferencial brasileiro ao mercado mundial de 8% para 37%, o acordo trará uma inserção internacional alinhada com a agenda de crescimento inclusivo e sustentável, o que é essencial para garantir ganhos econômicos e sociais de longo prazo, e reforçar a competitividade global do Brasil”, afirma Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo a entidade, outro impacto relevante está na criação de empregos. Em 2023, a cada 1 bilhão de reais exportado para o bloco europeu, foram criados 21,7 mil empregos, superando mercados como o chinês, que abriu 14,4 mil empregos por bilhão de reais exportado.

GRANDE OPORTUNIDADE AO SETOR TÊXTIL E DE CONFECÇÃO

Para a indústria têxtil e de confecção brasileira, o acordo proporciona uma série de oportunidades, a começar pelo acesso ao mercado consumidor da União Europeia, o segundo maior do mundo, com 500 milhões de pessoas, no universo de um PIB total de US$ 22 trilhões. Isso significa expressivo potencial de crescimento da produção e vendas, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). A entidade, inclusive, foi uma das pioneiras nas negociações voltadas ao estabelecimento de parâmetros mercadológicos equilibrados e justos, cujos resultados tiveram êxito. Foi um trabalho consistente de diplomacia econômica realizado em conjunto com a European Apparel and Textile Confederation (Euratex).

A Abit também estima um impacto positivo na criação de 300 mil postos de trabalho formais em até 10 anos, em função da ampliação do comércio, bem como melhores condições para o intercambio tecnológico, já que o Brasil e a União Europeia têm importantes centros de inovação e pesquisa.

Na visão de Ricardo Steinbruch, presidente da Abit, e Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da entidade, há, ainda, um diferencial competitivo fundamental a ser explorado: o grande potencial referente à bioeconomia, geração de energia limpa e de fontes renováveis e contribuição da indústria para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e mitigar as mudanças climáticas. Para eles, somado aos empregos dignos e aderentes ao compliance, inclusive respaldados pela rígida legislação trabalhista brasileira, o caráter sustentável da produção contempla de maneira ímpar os preceitos da governança ambiental, social e corporativa (ESG). É tudo o que os europeus defendem e exigem cada vez mais de seus parceiros comerciais e fornecedores.

Para Hélvio Pompeo Madeira, presidente do Febratex Group, maior grupo brasileiro de feiras e eventos para o setor têxtil, o acordo permite uma maior integração das empresas brasileiras à cadeia global de valor. “Com a eliminação de barreiras tarifárias e a melhoria nas condições de comércio, nossa indústria tem a chance de alcançar novos patamares, se integrar mais ao comércio internacional e se beneficiar das inovações tecnológicas dos dois blocos”, afirma.

Ele também ressalta que, além dos benefícios diretos para as empresas têxteis, o setor de feiras e eventos será um dos principais beneficiados com essa integração. “O fortalecimento do comércio e o aumento do fluxo de investimentos gerarão novas oportunidades para as feiras e eventos do setor, como a Febratex, que este ano recebeu 80 mil pessoas de diversos países, impulsionando ainda mais esse encontro fundamental para a troca de inovação e negócios internacionais, já que eventos serão essenciais para conectar o Brasil ao mercado global, promovendo intercâmbio de tecnologias e novas soluções para a indústria.”

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