Fundado pela ex-promotora Gabriela Manssur, canal funcionará a partir de maio para as mulheres que trabalham no ecossistema do varejo. Pesquisa mostra que 46% das mulheres que sofreram assédio no trabalho afirmam que não perceberam nenhuma ação concreta quando denunciaram o agressor
Um dos grandes problemas para as mulheres no mercado corporativo é o assédio moral e sexual que muitas vezes ocorre de maneira silenciosa nas empresas e atrapalham a carreira e ascensão feminina. Mostra disso é a pesquisa que foi realizada pela Zinklar, plataforma de pesquisas de mercado, em parceria com o Instituto Mulheres do Varejo, que entrevistaram online 212 mulheres que trabalham no ecossistema ligado ao varejo e de todas as classes sociais.
Das entrevistadas, 37% disseram ter sofrido assédio moral e 31% sexual; 70% afirma ter sofrido assédio (moral ou sexual) no trabalho. E os resultados só comprovam o que muitas mulheres já sabem: a falta de apoio no ambiente corporativo. 46% das mulheres que sofreram assédio no trabalho disseram não ter percebido nenhuma ação concreta quando delataram o agressor e o pior, 23% das mulheres disseram ter sido desligadas depois da denúncia.
Foi pensando nisso que o Instituto Mulheres do Varejo se uniu ao Projeto Justiceiras para lançar um canal de denúncias que não estará ligado a nenhuma empresa, deixando as mulheres mais confortáveis para relatar as agressões.
“Em nossas rodas de conversa sempre ouvimos casos de assédio e afirmações de mulheres dizendo que não têm coragem de relatar ao RH ou a algum canal de denúncia interno, pois têm medo de retaliações ou medo de demissões. Por isso, resolvemos abrir um canal isento, pois empresas que apoiam o assédio não são empresas em que queremos trabalhar”, diz Sandra Takata, presidente do Instituto Mulheres do Varejo.
“A presença feminina no mercado de trabalho representa aproximadamente 52%. No varejo, as mulheres também ocupam metade dos espaços. Se a cada três mulheres, uma sofre algum tipo de violência, certamente, as mulheres do varejo também podem ser vítimas. A parceria tem como objetivo dar as mãos para para essas mulheres e protegê-las de toda forma de violência contra a mulher”, completa Gabriela Manssur, fundadora do Projeto Justiceiras.
Entre as entrevistadas, 40% disseram que a empresa onde trabalham possui canal de denúncia e 45% disseram que não. Quando perguntadas se sentem confortáveis e confiam em realizar alguma denúncia, 62% disseram que sim, acreditam que tomarão as medidas necessárias mantendo sigilo sobre meu nome e 24% acreditam que não dará em nada.
CANAL DE DENÚNCIA PARA O VAREJO
O canal de denúncia começa funcionar no mês de maio e as mulheres que atuam no ecossistema do varejo (varejo, indústria, fornecedores de soluções para o varejo, empresas de pesquisa ligadas ao varejo e distribuidores) poderão acessar o site www.mulheresdovarejo.com.br para relatar o seu caso. Todos os casos serão avaliados pelo Projeto Justiceiras que tem o canal direto com o Ministério Público.
Os varejistas também poderão ser parceiros do Instituto, receber treinamentos sobre o tema e usar o canal como meio, para que suas colaboradoras se sintam confortáveis.
ABERTURA: Sandra Takata e Gabriela Manssur se unem para lançar canal de denúncia. / Foto:
Ruy Hizatugu