MODA BRASILEIRA AINDA CAMINHA DEVAGAR RUMO À TRANSPARÊNCIA CLIMÁTICA, REVELA ESTUDO INÉDITO DO FASHION REVOLUTION BRASIL

Novo Índice de Transparência da Moda Brasil – Edição Clima, mostra que 53% das principais marcas brasileiras de moda pontuaram abaixo de 20% em transparência sobre indicadores climáticos

Em meio à crescente pressão por ações climáticas concretas, o setor da moda no Brasil ainda avança de forma tímida. O Índice de Transparência da Moda Brasil – Edição Clima, lançado hoje (03/11) pelo Fashion Revolution Brasil, mostra que grande parte das empresas segue relutante em assumir compromissos claros com a sustentabilidade e os direitos trabalhistas.

A pontuação média geral entre as 60 marcas analisadas foi de apenas 24%, revelando um cenário de opacidade crítica. Das marcas avaliadas, 27 não divulgaram sequer dados básicos sobre emissões de gases de efeito estufa, uso de energia renovável ou estratégias para proteger trabalhadores da cadeia de produção.

POUCOS AVANÇOS, MUITOS RISCOS

O índice avaliou a divulgação pública de informações em cinco áreas críticas: rastreabilidade da cadeia de fornecimento, emissões de carbono, descarbonização e desmatamento zero, uso de energia renovável e transição justa.

“É impossível ignorar a relação entre a moda e a crise climática. A menos de cinco anos do prazo estabelecido pelo Acordo de Paris, o setor precisa agir com urgência. O Índice tem como objetivo mapear e incentivar a transparência das maiores marcas que operam no Brasil. Queremos que ele funcione como um instrumento de mobilização e pressão, para que o setor assuma sua responsabilidade com o meio ambiente e com os trabalhadores”, afirma Isabella Luglio, coordenadora de pesquisa no Fashion Revolution Brasil.

Houve progresso na transparência sobre emissões de gases de efeito estufa, nas metas de descarbonização aprovadas pela Science Based Targets Initiative e na divulgação da quantidade de energia renovável utilizada, mas temas críticos continuam invisíveis.

A seção com pior desempenho foi a de transição justa: 65% das marcas ficaram com nota zero, sem apresentar qualquer iniciativa para proteger trabalhadores, que são, em geral, os mais afetados por eventos climáticos extremos.

Outros dados alarmantes incluem:

  • Apenas 12% das marcas mostram redução real de emissões em relação ao ano-base de suas metas.
  • Somente 27% publicam metas climáticas validadas cientificamente.
  • 80% não têm compromissos públicos de desmatamento zero.
  • Apenas 23% divulgam a origem de pelo menos uma de suas matérias-primas, etapa onde há maior risco de desmatamento.
  • Nenhuma marca divulga investimentos em adaptação climática para seus fornecedores.
  • As emissões de Escopo 3 de somente 22 marcas já somam 59,3 milhões de CO₂ (mais do que as emissões anuais de Portugal).

DESEMPENHO DAS MARCAS

As marcas Renner e Youcom lideram o ranking com 76% de transparência, seguidas por Adidas, Ipanema e Melissa, que alcançaram 65%.

Na outra ponta, 27 empresas — Amaro, Besni, Brooksfield, Caedu, Carmen Steffens, Cia. Marítima, Colcci, Dakota, Di Santinni, Dumond, Ellus, Fórum, Gabriela – Studio Z, Havan, Klin, Leader, Lojas Avenida, Lojas Pompéia, Marisol, Moleca, Osklen, Penalty, Puket, Sawary, Shoulder, TNG e Torra — obtiveram pontuação zero, indicando ausência total de transparência em relação a compromissos climáticos.

O Índice de Transparência da Moda Brasil – Edição Clima já está disponível para download gratuito. Clique aqui para acessar.