Após 10 anos do desastre de Bangladesh, o Fashion Revolution, maior movimento ativista de moda do mundo, usa a data para reforçar o Manifesto pela Revolução da Moda. Semana Fashion Revolution 2023 vai de 22 a 29 de abril com uma extensa programação em todo o país
A Semana Fashion Revolution, campanha que acontece anualmente ao redor do mundo com o objetivo de reimaginar coletivamente um sistema de moda justo e igualitário para as pessoas e o planeta, será de 22 a 29 de abril de 2023. O tema deste ano é o Manifesto pela Revolução na Moda com 10 pontos que reforçam a visão rumo uma indústria da moda que conserve e restaure o meio ambiente, e valorize as pessoas acima do lucro.
Abril de 2023 marca o décimo ano de aniversário da tragédia do desabamento do edifício Rana Plaza em Dhaka, Bangladesh, assim como o ano em que o Fashion Revolution foi criado. Usando os 10 pontos do Manifesto pela Revolução na Moda como ponto de partida, o movimento pretende mobilizar pessoas, amplificar vozes não ouvidas ou marginalizadas, e trabalhar em prol de soluções efetivas para a indústria da moda. Leia os dez pontos do manifesto aqui.
Na última década, o debate em torno da moda mais sustentável ganhou espaço e destaque, mas o progresso real é lento, considerando o contexto da crise climática e da crescente injustiça social. Segundo o Índice de Transparência da Moda Brasil 2022, a média de pontuação de transparência das 60 grandes marcas analisadas foi de 17% – uma queda de 1% em relação a 2021.
O documento destaca que apenas 33% das 60 marcas publicam listas de fornecedores à nível 1. Esse valor cai para 28% nas listas de instalações e processamento/beneficiamento e 8% para os fornecedores de matérias-primas. Embora a indústria da moda tenha um grande impacto negativo, esta mesma indústria tem o potencial de ser uma força de mudança.
Partindo da transparência da cadeia de fornecimento aos salários dignos, do desperdício têxtil à apropriação cultural, da liberdade de associação à biodiversidade, da luta antirracista a equidade racial e de gênero, o Fashion Revolution compartilha soluções para os problemas socioambientais relacionados à moda.
“A moda precisa estar atrelada à vida e à prosperidade. Fazer parte da construção de sociedades justas, alinhadas com a natureza, em ciclos regenerativos, onde desastres como o Rana Plaza nunca voltem a acontecer “, diz Fernanda Simon, diretora-executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil.
FOCO NA EQUIDADE RACIAL E DE GÊNERO
Ao revisitar o Manifesto pela Revolução da Moda, o Fashion Revolution chama a atenção para dois pontos fundamentais para ampliar o debate sobre raça e gênero na indústria da moda:
“4 – Que a moda respeite as heranças culturais, celebrando e fomentando a artesania e honrando os artesãos e artesãs. Que reconheça a criatividade como seu ativo mais forte. Que não se aproprie de nada sem permissão ou reconhecimento.”
“5 – Que a moda fortaleça a solidariedade, inclusão e democracia. Que lute contra opressões de gênero, raça e classe e contra tudo que exclui. Que reconheça a diversidade como seu sucesso.”
Decolonizar a moda é essencial para que todos pertençam, sintam-se representados e ocupem espaços com a sua ancestralidade, essência, corpos e conceitos. A existência, a identidade e até a maneira de se vestir de muitas pessoas é negada, proibida, violentada e marginalizada pela colonização do pensamento e pelo apagamento da história. “De maneira não democrática e segregadora, criam-se abismos quando se trata de representatividade interseccional: gênero, raça e classe, nessa grande matriz do capitalismo.”, diz Paloma Gervásio Botelho, Coordenadora de Diversidade do Instituto Fashion Revolution Brasil.
COMO PARTICIPAR DA SEMANA FASHION REVOLUTION 2023
A programação ficará disponível no site e nas redes sociais do Fashion Revolution Brasil, e está sendo construída colaborativamente por cerca de 70 representantes locais e aproximadamente 110 docentes e 85 estudantes embaixadores, todos compondo uma rede voluntária espalhada pelo Brasil todo.
“A rede de representantes locais e embaixadores é o maior tesouro do movimento FR Brasil. Elas amplificam as vozes locais, conectando regiões e culturas, trazendo olhares diferentes e regionais para o debate da moda nacional que clama por pluralidade e diversidade. Mais do que falar de sustentabilidade, nossa rede regional nos ajuda a ouvir sobre sustentabilidade “, diz Marina de Luca, coordenadora de Mobilização do FRB.
Esse ano, nosso foco com a rede de representantes e embaixadores é fortalecer a presença nas regiões Norte e Nordeste e aumentar a diversidade de raça, gênero, origem e idade. Entendemos que o número de pessoas representando o movimento é importante, mas adicionamos também a importância da profundidade dessa relação, e a cada ano buscamos ferramentas e impulsionar mais nossa rede de voluntários. Dentro desse objetivo, esse ano trazemos uma parceria com a ong Nossas, para o projeto Amazônia de Pé, criando pontos de coleta de assinaturas em alguns de nossos eventos, e trazendo treinamentos da Nossas para a rede de voluntários do Fashion Revolution.
Uma das formas de se envolver com a campanha, o movimento incentiva que os cidadãos façam perguntas nas redes sociais:
#QuemFezMinhasRoupas, pois a prioridade da campanha é que as pessoas que fazem as roupas tenham condições dignas de trabalho.
#DoQueSãoFeitasMinhasRoupas, como seria o mundo se as marcas restaurassem os sistemas, em vez de esgotá-los?
#aCorDeQuemFezMinhasRoupas, vamos exigir que as empresas tenham ações com foco na promoção de igualdade racial entre seus funcionários.
SERVIÇO:
Semana Fashion Revolution 2023 – De 22 a 29 de abril