Solução inédita é inspirada na fotossíntese para fabricar fibras de têxteis e vestuário
Imagine se a partir das emissões de carbono fosse possível fazer roupas? Pois o que parece sonho está muito perto de se tornar real.
A maior rede varejista do mundo, Walmart, e o Rubi Laboratories anunciaram projetos-piloto com o objetivo de fazer exatamente isso, explorando como poderiam capturar as emissões de carbono de fabricantes e instalações na cadeia de suprimentos do Walmart e convertê-los em um protótipo de vestuário, com desperdício zero.
A inovação da startup americana, fundada em 2021 pelas irmãs gêmeas Neeka e Leila Mashouf, não é “achismo”, pelo contrário, é bem palpável.
De forma simplificada, o processo da fibra Rubi é inspirado na mecânica biológica das plantas, que se alimentam de CO2 capturado do ar para gerar a celulose necessária ao seu desenvolvimento e crescimento. No Rubi, esta dinâmica é recriada em laboratório, onde enzimas, selecionadas de todos os cantos da biosfera, são estabilizadas juntas em um sistema de reator industrial para catalisar a síntese de celulose a partir do CO2. Um ponto importante é que estas enzimas não têm “células”, permitindo que 100% do CO2 capturado seja direcionado a único produto, as fibras têxteis, no caso, tornando o processo mais eficiente à sua finalidade e sem desperdiçar energia para manter células vivas sob condições precisas.
De acordo com o laboratório, os materiais necessários para a captura de carbono são regenerados no processo, projetado para ser uma produção cíclica, e assim como acontece com os têxteis puramente celulósicos, após muitos ciclos de reutilização e renovação em sistemas circulares, os têxteis da Rubi biodegradam-se totalmente e regressam ao ciclo do carbono.
“Na Rubi, nosso objetivo é garantir um futuro próspero, restaurando o equilíbrio ecológico da Terra com cadeias de suprimentos reimaginadas”, disse Neeka Mashouf, cofundadora e CEO do Rubi Labs. “A capacidade do Walmart de mobilizar um impacto positivo em sua cadeia de suprimentos de diversos parceiros nos EUA pode ter um impacto enorme na escala de nossa produção e no cumprimento de nossos compromissos. Estamos entusiasmadas em fazer parceria com eles.”
As irmãs cresceram imersas no mundo da moda por meio da marca de sua família, a Bebe Stores. Já a tecnologia disruptiva teve origem num laboratório público de biohacking frequentado por elas, que inventaram e validaram o processo a partir da profunda experiência científica obtida previamente em engenharia de materiais e bioengenharia.
PILOTO
O Walmart é a primeira empresa a firmar esta parceria com o Rubi Laboratories, e se o projeto-piloto der certo, haverá uma marca de roupas exclusiva da varejista feita neste processo escalado que, vale destacar, está com a patente pendente.
O piloto de fabricação examinará como a tecnologia da Rubi pode ser integrada em maior escala na cadeia de suprimentos do Walmart e testará a captura de emissões de carbono em algumas das próprias instalações da varejista. Serão feitos testes de desempenho da fibra Rubi em um protótipo de peça de roupa, com o objetivo de produzir amostras. Os produtos finais serão têxteis neutros em carbono, e podem ser usados tanto para roupas quanto para outros materiais.
LEGENDA: Neeka e Leila Mashouf, fundadoras do Rubi Laboratories. / Foto: Divulgação